Motivações para Plantação de Igreja: Buscando as Razões Corretas

Um dos elementos fundamentais do Evangelho e também um dos mais perdidos é a integridade. Com integridade queremos dizer que nele não existe fragmentação, quebra, ruptura entre o externo e o interno. Afirmamos que existe coerência entre o dizer e o fazer, o ser e o ter, entre o que se prega e o que se vive, uma vez que o Evangelho trata de nossa alma e do nosso coração.

Por ser assim, ele não está interessado apenas no que faço, mas acima de tudo porque faço o que faço. Culto sem alma, por exemplo, é algo abominável a Deus. Lei sem amor ao invés de tornar-se instrumento de vida traz morte. Mesmo nossos gestos espiritualmente mais sagrados como oração, jejum, ajuda aos pobres se dissociados de uma relação de intimidade com Deus, nada significam (Lc 18 9-14). Por isto Jesus recomendava que a esmola, o jejum, a oração fossem voltados para Deus e não para ganhar reconhecimento e aclamação públicos (Mt 6. 2-8; 16-18).

O Evangelho lida com nossas raízes motivacionais, deseja aprofundar em nosso coração a relação de amor a Deus naquilo que fazemos. O Evangelho está interessado também no como faço as coisas. A Receita Federal não se importa se você antes de pagar seu imposto, o faz com raiva, irritação e descaso conquanto você pague o que ele julga que você deva pagar, no entanto ao trazer seus dízimos e ofertas ao altar de Deus certifique-se de que seu coração o faz com alegria e prazer. Deus está mais interessado no seu coração do que na oferta em si, já que ele não precisa de seu ouro e de sua prata, mas procura pessoas que busquem um relacionamento de amor, que são os adoradores do Pai.

Fazendo estas avaliações iniciais, gostaria de aplicar estes princípios a plantação de igrejas, ainda mais porque a discussão sobre este tema tem se tornado cada vez mais popular em nossos dias. Quais são as bases motivações e teologicamente corretas para querermos plantar uma igreja e quais seriam as motivações erradas? Vamos começar pelo aspecto negativo.

  1. Motivações erradas:

1 – Auto promoção: A primeira motivação equivocada que colocaria como ponto de partida da discussão é o desejo de auto promoção, a auto-glorificação. Neste caso, a pessoa procura criar um novo projeto porque é a chance que encontra, supostamente, para alcançar respeitabilidade junto à sua convenção, presbitério ou ministério. Principalmente se “plantação de igrejas” é algo “valorizado” pelo grupo e tem reconhecimento público. Assim, busca-se uma afirmação comunitária. O desejo é de que com esta visão e atitude se alcance a reputação esperada. Alguns, diante do fracasso experimentado no ministério anterior, usem até mesmo a expressão: “vou arrebentar a boca do balão”. O ego inflado, ensimesmado, busca afirmação em coisas espirituais para justificar sua mente carnal. Desta forma, até mesmo aquilo que é mais puro e positivo torna-se maligno já que a aproximação se fez por um coração soberbo e arrogante.

2 – Resolução de conflitos: Neste caso o obreiro se dispõe a plantar igrejas porque a experiência do pastorado não foi algo positivo. Brigou, enfrentou tantas oposições, sofreu na mão de uma liderança inescrupulosa e dominadora, e por ter entrado nessas situações de disputa de poder busca agora, de forma amargurada, investir em plantação de uma nova igreja, mas tendo em si mesmo uma alma carregada de suspeita contra a igreja. Seu coração não está resolvido. É como uma pessoa que depois de ter sido rejeitada pela namorada anterior, com despeito, resolve namorar a primeira pessoa que ele achar atraente, ainda que seu coração não esteja pronto para um novo envolvimento.

Se você está querendo plantar igreja com o coração inquieto e ferido, pense outra vez. O que você precisa neste caso, não é um novo trabalho para se distrair, mas sim de um novo coração carregado de perdão e graça que vem do Pai Celestial. É necessário lidar com as penumbras e tristezas da alma, avaliar o que houve de errado, quem sabe até mesmo parar um pouco e refletir melhor que caminho tomar. Entrar numa plantação de igrejas com o coração carregado de conflito com Deus, consigo mesmo, ou com a igreja de Cristo é algo realmente arriscado. Você pode se tornar mais uma vitima de acidente de trabalho.

3 – Busca de emprego: Com a “escassez de campos” em nossos dias, e o “mercado de trabalho” concorrido, mais pastores e seminaristas tem expressado o desejo de plantar uma nova igreja. Alguns sem a mínima vocação para este tipo de projeto,

Naturalmente me sinto teologicamente confuso com a afirmação inicial deste tópico, ao dizer que existe uma escassez de campos. Esta não é a realidade estatística, nem a visão das agências missionárias, nem o que nos diz as Escrituras: Existem cerca de 4 bilhões de pessoas hoje no mundo completamente alienadas da mensagem do Evangelho e da cruz. No Nordeste de nosso país, centenas de cidades pequenas e de médio porte tem menos de 1% de evangélicos. Além do mais, Jesus tinha uma visão completamente diferente desta afirmação, já que para ele, os campos estavam brancos para a ceifa (Jo 4.35), e pediu que na nossa “agenda” de oração rogássemos ao Senhor da seara que mandasse trabalhadores uma vez que “a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos” (Lc 10.2). Obviamente deve existir um problema ou de semântica ou de conceituação em nossa deformada hermenêutica, quando afirmamos que os campos estão escassos. Na verdade não “faltam campos” mas, ainda hoje, faltam obreiros. Apesar de determinadas situações esdrúxulas presentes nos meios eclesiásticos. Ouvi recentemente que na Igreja Presbiteriana do Brasil existem cerca de 600 pastores procurando campo, mas apenas 200 campos disponíveis. Soube que numa grande denominação batista de nosso país a situação também não tem sido diferente. Recentemente um colega me procurou querendo plantar uma igreja, ele é uma pessoa educada, fina, bem relacionada que queria iniciar o projeto de plantação de uma nova igreja, já que nenhuma igreja de sua cidade o procurava para ser pastor. Depois de poucos minutos ele admitiu que na verdade nem ele nem sua família estavam preparados para um projeto de tal envergadura. Reconheceu ainda que era uma tentativa de “encontrar um campo”, onde o presbitério pudesse reconhecer seu ministério e gerasse subsídio financeiro para sustentar sua família, o que é na verdade um desejo legítimo de um pai de família que sente o dever de prover recursos financeiros para seu lar. Contudo, definitivamente, plantar igreja por falta de opção é uma equivocada motivação que precisa ser avaliada em nosso coração.

Presbitérios lamentavelmente têm contribuído para que isto aconteça. Quando um pastor não encontra campo na área jurisdicionada por este concílio, e por razões familiares ou de conveniência pessoal não se disponibiliza ou não pode buscar campos em áreas mais distantes, complacente e irresponsavelmente resolve abrir uma nova congregação e enviar tal obreiro para o campo. Isto redunda num fracasso seqüencial já bem conhecido em nosso meio, que cria uma cadeia de relações e comandos que se torna mórbida: Envia-se ao pior campo, o pior obreiro, dando o pior salário para se plantar a pior igreja. Esta situação realmente é catastrófica.

Após ministrar num módulo de pós-graduação, um pastor que participava do curso me procurou com um sério dilema: Fora enviado para iniciar uma nova igreja num bairro jurisdicionado ao seu Presbitério. O Concilio lhe pagava o salário integral, mas depois de um ano e meio ele estava estressado, desencorajado e com um sentimento horrível de inadequação no que estava fazendo. Na verdade, queria saber que estratégias poderiam ser mais úteis e aplicáveis no seu contexto para implementar o ministério. Havia um sentimento de cansaço e frustração no seu olhar e na sua voz.

A primeira pergunta que lhe fiz trouxe a tona toda conflitividade que ele estava experimentando. Eu perguntei se ele gostava do que fazia, se ele se sentia o homem certo, na hora certa, no lugar certo, fazendo as coisas pela motivação certa, e ele me respondeu com uma honestidade e transparência surpreendente: “Detesto o que faço, nunca quis plantar igrejas, amava meu ministério anterior no qual eu era pastor auxiliar, mas quando minha igreja se dividiu por problemas doutrinários, o Presbitério dissolveu o Conselho e não tendo nenhum campo para me designar, me enviou para plantar igrejas”.

Quando não estamos fazendo aquilo para o qual fomos chamados, nem de acordo com nossos dons, aumentamos a frustração em nosso coração e criamos um forte senso de inadequação interior. Isto pode acontecer quando, por falta de oportunidades em outras áreas ministeriais resolvemos plantar igreja sem termos paixão, habilidade, chamado e dons adequados para este ministério.

  1. Motivações corretas:

1 – A Glória de Deus: Se é certo dizer que a primeira motivação errada é auto promoção, também é correto dizer que a primeira e fundamental razão para se plantar igrejas deve ser o desejo de que Deus seja glorificado por e através desta igreja. Tudo é uma questão de foco. Na auto-glorificação, o homem assume o centro e é promovido. Aqui, o Senhor da igreja, que morreu por ela e deseja edificá-la, torna-se o centro.

Redford, que escreveu interessante livro sobre plantação de igrejas, afirma que existem quatro fundamentos bíblicos para plantação de novas igrejas:

1.1. O Espírito Santo é a base de tudo o que é feito em plantação de igrejas;
1.2. A Bíblia é o fundamento para a plantação de igrejas;
1.3. Devemos manter a nota da redenção em tudo que fazemos ao plantarmos uma igreja;
1.4. Pessoas são a base da plantação e novas igrejas.

2 – Por entendermos que, a igreja, é a mais eficiente forma de Evangelização: Neste caso, a motivação é que os perdidos sejam salvos, os cativos libertos e os cegos vejam.

Alguns tempo atrás falávamos de plantação de igrejas numa reunião de pastores e presbíteros, quando um líder levantou opondo-se ao projeto e afirmando solenemente: “Não precisamos plantar novas igrejas, precisamos é de mais projetos sociais na cidade”. Obviamente entendo a preocupação salutar com os pobres e necessitados, mas creio que lhe faltava uma compreensão mais abrangente do quadro: Todo projeto social é criado a partir da visão de um ou mais membros de uma igreja local, e o sustento advém do esforço destes irmãos. Igrejas saudáveis sempre terão compromisso com o pobre e com o que sofre, buscando estratégias e recursos para a gestão e realização de tais projetos. Novas igrejas trazem sinais de Reino de Deus na cidade, porque quando a igreja de Cristo está presente, isto gera regozijo no meio da comunidade (At 8.8).

Ao plantar uma igreja considere sempre as oportunidades que Deus abre para colocar os olhos num grupo específico de pessoas que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda (Jonas 4.11), que estão presos nas superstições espirituais, e em conceitos alienados de Deus e que poderão ser alcançados por meio desta nova comunidade e pelo testemunho vibrante do Evangelho desta nova igreja que nasce no coração de Deus. Novas igrejas são mais eficientes no alcance dos perdidos. Considere isto ao desejar plantar uma nova igreja. Elas criam oportunidades para que os perdidos sejam alcançados, nutridos e enviados.

Redford, Jack – Planting New Churches, Broadman Press, 1978 Nashville, Tennessee. 2 . Wagner, Peter afirma: “Por vários anos ensinei crescimento de igreja no Seminário Fuller. Descobri que plantar novas igrejas é o método evangelístico mais eficaz debaixo do céu”. Em, Plantar igrejas para a grande colheita, São Paulo, abba Press, 1993, pg. 17

McGravan, um dos escritores contemporâneos mais respeitados sobre a questão do crescimento da igreja afirma que os servos de Deus devem “conceber um plano inteligente para a implantação de igrejas que se encaixe em sua população que seja similar a planos que multiplicaram igrejas em outras populações semelhantes e que possa ser desenvolvido com os recursos que Deus colocou em suas mãos”.

3 – Para que a Cidade seja impactada pela presença da Igreja – Igreja não é um clube social, nem um grupo de pessoas em transe esperando o próximo trem para o céu. Ela não existe para si mesma, mas para realizar a obra para a qual Deus a designou.

Nenhuma igreja pode perder o seu foco missiológico. Por isto, antes de iniciar um projeto deveríamos perguntar se esta igreja seria relevante para o Reino de Deus naquele lugar. Igreja é a expressão visível do corpo de Cristo e existe para missionar. Sair de si mesma tem que ser um alvo natural e a razão de sua existência.

Criar uma filosofia de ministério para a igreja local torna-se necessário para que nunca nos esqueçamos para quem e porque existimos, e nunca se perca o foco original com o passar do tempo. A filosofia de ministério vai nos fazer lembrar da razão básica de nossa existência. Sua presença salvífica e abençoadora deve ser motivo fundante de sua existência, e deve estar sempre claro nas pessoas que se relacionam com esta comunidade.

A Igreja é chamada para existir em função de sua realidade histórica, e naquele local onde será inserida, procurando dar sinais do Reino de Deus. O lema “pense globalmente e aja localmente” precisa ser constantemente lembrado em nossos corações.

Antes de iniciar o projeto propriamente dito, seria bom que o grupo que deseja plantar tal comunidade tivesse se lembrando do sentido de sua existência. Seria bom também que elaborasse um conceito, ainda que simples, de missão.

Gosto de pensar no termo “missão”, como todo projeto que vá além de suas paredes, ainda que saibamos que todo e qualquer esforço interno, deve ser para preparar obreiros para a seara do Senhor. “Olhar para fora” é exatamente o que dá sentido e razão de existirmos. A cidade ou bairro, antes de qualquer outro lugar, deve ser o foco de nosso coração e de nossa missão. Ao plantarmos uma igreja deveríamos perguntar como esta igreja poderia ser abençoadora e relevante no local onde será estabelecida.

4 – Paixão Interna – Isto tem a ver com a compreensão do próprio coração. Uma das grandes e corretas motivações deve ser o fato de que existe um dinamismo interior, gerado pelo Espírito Santo, que me leva a apaixonar por esta idéia, de tal forma que torna-se quase uma obsessão nos sonhos de minha alma.

Quando existe fogo interno, as dificuldades se relativizam, porque o que está por detrás de tudo isto é a vontade de Deus e o chamado que ele tem para nossa vida. Minha esposa costuma sempre afirmar, quando estamos pensando em nos lançarmos num novo ministério, ou quando amigos pessoais nos falam sobre suas crises de transição: “O ponto a ser considerado não é quem virá e nem para onde iremos, mas se Deus é quem nos está dirigindo”. Donald McGravan – Compreendendo o crescimento da igreja, São Paulo, Edit Sepal, 2001, pg 403.

O chamado para plantação de igrejas pode ser uma estratégia que Deus coloca em nossos corações e que nos faz consumir com tal pensamento. Por isto, é necessário que o fogo de Deus acenda mais fortemente em nossos corações. Que sejamos consumidos por tal idéia. Antes de decidirmos que vamos plantar uma nova igreja, deveríamos confirmar nosso chamado, checando suas motivações, para a referida tarefa.

Rev Samuel Vieira
Pastor da Igreja Presbiteriana de Anápolis-Go

Autocuidado levado à sério

Algumas pesquisas entre o público evangélico têm demonstrado que o número de pastores com problemas psiquiátricos tem aumentado. Segundo o psiquiatra Dr. Pércio, essas pesquisas tem apontado, que entre os pastores, esse índice é maior que em outras profissões. Recentemente foi verificado que em um grupo amostral 26% eram pastores portadores de problemas psiquiátricos no caso, depressão. Segundo a pesquisa de Lotufo Neto, médico psiquiatra e professor de medicina do hospital das clinicas em São Paulo, foi encontrado maior incidência de doenças mentais entre ministros protestantes se comparados à população geral, e os transtornos depressivos responderam por 16,4% das doenças mentais encontradas nos ministros protestantes.

As causas mais comuns indicadas para depressão em pastores são:

  • Problemas com lideranças de igreja;
  • Baixa remuneração;
  • Mudança constante de igreja;
  • Falta de apoio da igreja local, pastor tem expectativas que não são correspondidas pela igreja;
  • Estresse relacionado à atividade pastoral;
  • Também foram observadas as queixas das esposas com relação ao tratamento dado pela igreja;
  • Pecado e enfraquecimento na fé.

Este é um caso que se complica no contexto do ministério pastoral ou da liderança cristã ainda pelo fato de uma visão triunfalista, onde entende-se que pessoas que são realmente “homens de Deus” não enfrentam problemas como o da depressão.

Uma consequência que tem surgido diretamente desse cenário da vida pastoral é o aumento de casos de pastores que estão se suicidando. Na maioria das vezes o suicídio vem como um complemento de um agravamento em casos de depressão.

De acordo com o Instituto Schaeffer, 70% dos pastores lutam constantemente com a depressão, e 71% se dizem esgotados. Além disso, 80% acredita que o ministério pastoral afeta negativamente as suas famílias, e 70% dizem não ter um “amigo próximo”. Talvez estes dados nos forneçam um retrato da condição emocional da maioria daqueles que ocupam nossos púlpitos.

Em Atos dos Apóstolos 20.28 lemos o seguinte: “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue.” Diante deste texto temos pelo menos três implicações:

  1. A primeira é que se somos pastores, ou líderes, da igreja de Deus, então precisamos ter a responsabilidade de cuidar da nossa própria vida.
  2. A segunda é que é nosso dever cuidar da vida de outros que Deus nos tem confiado.
  3. E a terceira é que ao fazermos isso, cuidarmos da vida daqueles que Deus nos confiou, não devemos “morrer pela igreja”. Jesus Cristo já morreu por ela.

Texto adaptado: Pr Ricardo Costa


Ricardo Costa

Mestre em Missiologia pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper. Diretor de Treinamento da MPC do Brasil. Diretor do CTPI. Professor do Seminário Presbiteriano do Sul. Plantador e Pastor da Comunidade Presbiteriana Vinhedo.

Aprenda como os métodos de evangelismo podem mudar, mas a mensagem permanece a mesma

Evangelismo não é recrutamento.

O evangelismo não está nem mesmo ao alcance.

O esforço pode levar ao evangelismo, mas você pode estar ao alcance durante todo o dia e nunca anunciar as boas novas do evangelho de Jesus Cristo.

Evangelismo é quando as pessoas são desafiadas diretamente com o evangelho e convidados a responder.

Muitas pessoas podem tropeçar nesse ponto, mas nós sempre queremos que as pessoas ouçam e respondam às boas novas do Evangelho.

O Evangelismo nunca muda

O Evangelismo sempre envolve uma cruz sangrenta e um túmulo vazio. Ela sempre envolve a morte de Jesus na cruz por nossos pecados e em nosso lugar.

Esses fatos são uma constante. Sem essa mensagem, não há evangelização, pois não há uma boa notícia.

O Evangelismo é transcultural e universal, e vai ao longo de cada época de tempo. São homens e mulheres sendo chamados a confiarem e a seguirem a Jesus, de acreditar que a força do Evangelho transforma em cima do arrependimento de seus pecados.

Mas como fazemos o evangelismo, como chegamos ao ponto da proclamação do evangelho, é o que impacta pelo quando e onde da cultura.

Os Métodos de Evangelismo mudam ao longo do tempo

O Evangelismo sempre vai envolver o chamar as pessoas ao arrependimento, a confiarem e a seguirem a Cristo, e a nascerem de novo pelo poder do Seu Evangelho. Mas podemos pensar em eras de metodologias evangelísticas.

Algumas décadas atrás, muitas pessoas vinham a Cristo quando ouviam grandes pregadores de rádio. O evangelismo feito nas rádios foi significativo e de vanguarda. O ônibus de ministério na década de 1970 e 80 foi um dia um método de evangelismo significativo. (Minha irmã estava indo de ônibus para uma igreja em Long Island, fora da cidade de Nova York. Ela ouviu as reivindicações desafiadoras do Evangelho, então, confiou e seguiu a Cristo ainda como uma jovem garota. Isso levou a minha mãe a ouvir o Evangelho, e depois a mim a ouvir o Evangelho).

O Evangelismo nunca muda, mas os métodos sim

Cruzadas evangelísticas eram grandes reuniões tipicamente em um estádio ou arena onde as pessoas pudessem trazer seus amigos para ouvir as boas novas do Evangelho. Deus continua a usar reuniões como essa em todo o mundo.

Em 1988, eu comecei a minha primeira igreja em Buffalo, Nova York, seguindo imediatamente em uma Cruzada Evangelística de Billy Graham. Considere-se que o maior encontro de Graham no mundo foi em Seul, Coréia, em 1973, com mais de um milhão de pessoas.

Mas atualmente, o evangelismo baseado em reunião tem diminuído em freqüência e alguns debates têm sido de pouca eficácia. Ainda assim, esse método não terminou se Deus dotou alguém como um evangelista para equipar o povo de Deus para a obra do ministério para a edificação do corpo de Cristo. Graham, seu filho, Franklin, e outros ainda podem pregar em uma reunião e as pessoas irão para ouvir a verdade do Evangelho e muitos vão responder pela graça mediante a fé.

Eu lidero um pequeno grupo no meu bairro todo domingo à noite. Eu posso não ser capaz de levá-los para uma cruzada do Billy Graham, mas posso convidá-los para a minha casa, porque eles já me conhecem e confiam em mim. Meus vizinhos duas casas abaixo de um lado e mais três casas abaixo do outro lado vêm regularmente. Nós não temos que depender de evangelismo em larga escala.

A Associação Evangelística Billy Graham por si só concluiu que o evangelismo feito em casa é o método de evangelismo que Deus está usando em nossa sociedade. No que pode ter sido a última grande oportunidade de Billy Graham para compartilhar o Evangelho em um palco nacional, eles montaram a campanha evangelística “América Minha Esperança” para receber a mensagem do evangelho no maior número de casas possível.

Jesus Cristo é a única esperança para qualquer país em todos os tempos. Nossa honra e alegria é participar com Cristo na evangelização dos ainda não-crentes de forma eficaz.

Enquanto devemos ser gratos que a mensagem do evangelismo nunca muda, devemos orar para que sejamos sempre sensíveis aos métodos de mudança de modo que muitas pessoas tenham a oportunidade de ouvir as boas novas de Jesus Cristo.

* Artigo concedido pelo autor. Fonte: www.churchleaders.com

Ed Stetzer
Presidente da LifeWay Research e da LifeWay’s Missiologist in Residence. Ele tem treinado pastores e plantadores de igrejas em cinco continentes, possui dois mestrados e dois doutorados, e tem dezenas de artigos e livros escritos. Ed é um editor contribuindo para Christianity Today, um colunista do Outreach Magazine e Catalyst Montly, faz parte do conselho consultivo do Sermão Central e Líderes do Christianity Today’s Building Church, e é freqüentemente citado ou entrevistado em canais de notícias, como USA Today e CNN.

Biblical Foundation of Church planting

Jose Carlos Pezini

God’s call to Evangelism, to reach the unchurched and to start growing churches.

The church of Jesus Christ has always felt that “the Great Commission” passage (Mathew 28:16-20) is a key Scripture passage for understanding the mission of the church and the life of the Christian. It has been the basis for the personal witnessing of many Christians and has been the driving force that has sent missionaries all over the world to reach and preach about Jesus Christ. In the twentieth century, it has been the passage quoted most often in support of God’s call for Christian to be involved in the ministry of evangelism. And yet, evangelism is misunderstood by many church leaders and members. It is seen by many as a task to be carried out by professionally trained ministers, missionaries and a few others specially gifted to do this work, not something that all Christian are called to do.

But I believe that the biblical call is for all Christians to be evangelists and do their unique part to bring the gospel to others. The starting point for our evangelism remains the same as it was in the early church. It all begins with God has reached out to us sinful people in Jesus Christ to tell us about and show us God’s love and call us back to God from our idolatries and self-serving lives. The beginning point of evangelism is the call to conversion to turn or return to God as the focus and purpose of our lives. Then it is the task of each of us to reach out to those around us to share the good News of Christ that we have received and to demonstrate it by our actions.

However, whereas the beginning point of evangelism may be the call to conversion, seeing evangelism as only the act of individual conversion is a condensed and partial understanding. Our response to God at the time of conversion includes becoming a part of the community of God’s people and all that means. David Bosh gives a more complete definition in his book, Transforming Mission: Paradigm Shifts in Theology of Mission when he says, “Evangelism is the proclamation of salvation in Christ to those who do not believe in him, calling them to repentance and conversion, announcing forgiveness of sin, and inviting them to become living members of Christ’s earthly community and to begin a life of service to others in the power of the Holy Spirit.” (Bosh 1991, 10)

If we speak of evangelism in terms of making non believers into disciples, we mean much more than making people into new creatures and being assured of a place in heaven. We also mean more than becoming a member of church and making membership in the church the goal of evangelism. Being a disciple means living out the teachings of Jesus and involves a commitment to God’s reign, to justice and love, to obedience to the entire will of God. (Bosh 1999, 81) This is carried out while being part of the community of God’s people, the church, as together we carry out God’s mission in the world.

Christians have always looked to Jesus Christ to find guidance for how we should live. In our attempts to share with others what God has done for us in Jesus Christ, we continue to look at the life and ministry of Jesus to find a model for doing evangelism, how he both proclaimed and lived out the God News of God’s love and kingdom. Thus we are called to do such things as to center our lives in prayer, to combine our message with healing others’ hurts, to evangelize both by our words and by our actions, to serve others, to include all people, to respect and affirm the uniqueness and freedom of others, and so on.

Various words of Jesus have been used over the years to define how and where evangelism and the mission of the church should be carried out. The so called “Great Commission” (Mathew 28:16-20) is the most familiar to many Christians. However, in his book The Great Commission: Biblical Models for Evangelism, Mortimer Arias suggests passages from the other three gospels that are of equal importance in defining the evangelistic mission of the church. In fact, he says that our understanding would be deepened and enriched if we studied all four of what he calls Jesus’ last commissions or final charges to his disciples and interpreted each of them in the context of the whole purpose and unique content of their particular gospel. (Mortimer 1992, 18)

Doing so, for example, we are reminded of Mathew’s special emphasis on evangelism in terms of making disciples by baptizing them and teaching them to follow and obey Jesus’ teachings. This fits into the character of Mathew’s writing as a teaching text with Jesus presented as the new authoritative teacher. (Mortimer 1992, 18)

When we look at Mark, we encounter the text that has defined evangelism in terms of going into the entire world to proclaim the good news to everyone: “Go into the entire world and preach the gospel to the whole creation” (Mark 16:15). But Arias reminds us that this proclamation is much more then a verbal expression. Throughout Mark the kingdom or reign of God is announced by Jesus in his actions as well as through his words. “The kingdom is multi-dimensional and holistic, and has to be announced holistically through preaching, teaching, healing, exorcising, calling and forming disciples, feeding, comforting and confronting. It is proclamation in action.” (Mortimer 1992, 39)

In Luke, we find an emphasis on repentance and forgiveness in the proclamation. At the end for Luke’s gospel, Jesus says: “ Thus, it written, that the Christ should suffer and on the third day rise from the dead, and that repentance and forgiveness of sins should be preached in his name to all nations, beginning from Jerusalem. You are witness of these things” (Luke 24: 44-49) In Luke’s gospel jubilee themes are emphasized in Jesus’ scripture reading from Isaiah in the Nazareth synagogue early in his ministry.

“The Spirit of the Lord is upon me, because he has anointed me to preach good news to the poor. He has sent me to proclaim release to the captives and recovering of sight to the blind, to set at liberty those who are oppressed, to proclaim the acceptable year of the Lord”. (Luke 4:18-19)

Here, Jesus uses Jubilee language and Jubilee actions to tell and demonstrate that entry into God’s kingdom brings liberation, healing, rectification, restoration to community and new life to those who had no hope (Mortimer 1992, 57-66). Christian involvement in social action and social witness can trace some of its roots to this evangelism emphasis in Luke.

Finally, Arias suggests that in the Gospel of John, the last commission give us and incarnational model for evangelism and mission. Jesus’ sends his disciples out into the world just as he was sent by God, (John 20:21) and he gives them the Holy Spirit to empower them for this ministry. The community of disciples and the community of the church are a sent people showing in their life of love the message of new life.

Thus the sent community, by its proclamation or by its neglect of proclamation; by its love or lack of love; by its accepting or rejecting attitude; by its judgmental or by its pastoral approach, is already conveying forgiveness or unforgiveness! Whatever we do in our mission in the world has one or the other effect. This is inevitable in incarnational mission (Arias 1992, 86).

In David Bosch’s biblical studies of the origins of evangelism and mission in New Testament texts, he explores the life and writings of the Apostle Paulo in addition to the gospels. Along with Paul’s particular theological emphases, Bosch notes Paul’s focus on evangelism by planting new churches. Paul and his co-worker carefully spread the Christian gospel through their missionary journey and through planting new congregations in many strategic cities of the know world (Bosch 1991, 129-132).

In his book the logic of Evangelism, William Abraham notes that the church in Western Christianity has developed five often competing conceptions of evangelism ministry from such biblical passages as those mentioned above:

1. Proclamation of the gospel
2. church growth and starting new congregations
3. converting unbelievers to Christianity (soul winning)
4. witnessing by sharing our faith or giving our testimony
5. making disciples

Unfortunately, at various times and places usually one aspect of evangelism has been stressed and the others ignored. Typically, this has led to a reductionist view at the expense of a more holistic understanding of evangelism (Abraham 1989, 92-95). All of them are important dimensions of evangelistic ministry, but each alone is inadequate.

Another misunderstanding occurred earlier in this century (and continues on some places) when at times many Christians thought that evangelism and social witness/ justice were in opposition. Some people focused on evangelism and other on social witness, and often they argued and fought with each other about whose ministry was more important and should get more money and emphasis in the church. It now seems clear to many people that both our words and our deeds must proclaim the message of Christ. We cannot announce Good News to the poor unless we are also working for justice. Christian actions and deeds are not enough without putting the message into words. Our words without actions of love are not enough either. In his book, Be My Witnesses: The Church’s Mission, Message and Messengers, Darrel Guder speaks of this by describing the mission of the church in terms of its witness to God’s love in Christ. “We have defined the church’s task “to be the witness”, and have further stated that this means that the church and the Christians are to be the witness, do the witness and say the witness” (Guder, 1985, 91). Being the witness in caring actions and loving relationships makes saying the witness effective and influences the words we use to share our faith with other.

In addition, David Bosh writes that the Apostle Paul’s writings emphasize that the corporate witness of the early Christian community in its own lifestyle gave credibility to its spoken message (Bosh 1991, 135,138). Barriers between people were broken down, and this was lived out in the Christian community. In Paul’s understanding, male and female, slave and free, Jew and Gentile are all embers of on family that is bound together in love. IN Pauline mission, “the church is called to be a community of those who glorify God by showing forth his nature and works and by making manifest the reconciliation and redemption God has accomplished through the death, resurrection and reign of Christ… Its primary mission in the world is to be the new creation.” By doing this, new people will be attracted to the church and take seriously the message it proclaims.(Bosch 1991, 167-168)

Como desempenhar um papel fundamental na construção da igreja, tornando-se um discípulo

Ore para que Deus edifique a igreja dele, então arregace as mangas e junte-se.

Quando John Piper era pastor, a igreja Bethlehem organizou uma conferência de plantação de igrejas com a Igreja Global Advancement. Eu estava no deck e era o próximo a falar, e Piper tinha falado sobre plantação de igrejas em vídeo. Ele disse que os plantadores de igrejas não deveriam ouvir os especialistas sobre como plantar a igreja. Ele disse: “Você não sabe como fazer o Reino de Deus crescer. Cuidado com os livros, cuidado com conferências e cuidado com seminários que informam sobre como plantar a igreja.”

Naquela época, aquele foi um momento estranho para mim, porque, bem, eu escrevo livros e faço seminários! Eu escrevo livros sobre plantação de igrejas, e eu estou falando nesta conferência como um “expert”.

Mas o contexto da citação de Piper foi fundamental. Piper estava focando em cinco palavras de Jesus em Mateus 16: “Edificarei a minha igreja” (E o contexto era que ele tinha nos convidado para fazer este seminário em sua igreja!).

Mas seu ponto era que o Cristo ressuscitado planta igrejas. Ele as edifica mudando corações. E Ele tem trabalhado na sua cidade muito antes de você chegar lá, por isso é a Igreja dEle. Podemos tentar fazer tudo isso em nossa própria força, mas só Deus pode construir uma igreja através do Seu Filho, Jesus.

Em Mateus 16, Pedro tinha acabado de confessar Jesus como o Cristo. Essa confissão e declaração de fé são a “pedra” fundamental sobre a qual Jesus edifica a Sua Igreja. Os portões e as forças do inferno não prevalecerão contra ela (Mateus 16:18). Esta é a obra de Jesus. Ele constrói a Sua igreja.

Então, por que manter a leitura? Por que pegar um dos meus livros sobre plantação de igrejas? Por que participar de uma conferência de plantação de igrejas com John Piper, Ed Stetzer ou qualquer outra pessoa?

Mais Perspectivas

Jesus não constrói a Sua igreja apesar de seus discípulos, mas através de seus discípulos, conforme eles são conduzidos por seus mandamentos e capacitados pelo Seu Espírito. Mateus não acaba com o capítulo 16. Mateus termina com A Grande Comissão, em Mateus 28:

Então Jesus se aproximou e disse-lhes: “Toda a autoridade foi-me dada no céu e na terra. Ide, pois, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo o que 1 vos tenho ordenado. E lembre-se, eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos “

Aqui está o que podemos aprender com a comissão de Jesus aos Seus discípulos. Jesus tem todo o poder no céu e na terra. Ele essencialmente inverte a alegação de que Satanás fez em Mateus 4, que os reinos do mundo são dele e serão dados a Jesus, se o Filho de Deus adorar a Satanás.

Quando Jesus edifica a Sua Igreja, Ele faz as construções através de discípulos assim como você.

Somente um Salvador crucificado e ressuscitado é o Rei dos reinos. Com essa autoridade, ele chama seus discípulos a irem fazer discípulos de todas as nações entre todos os grupos de pessoas, batizando-os e ensinando-lhes o que Ele ordenou.

Jesus vai com seus discípulos assim que eles vão. Ele constrói a Sua Igreja por Sua autoridade e por meio de Sua presença com Seus discípulos que fazem discípulos. Agora observe o que acontece quando colocamos estas duas passagens juntas. Jesus diz em Mateus 16: “Eu edificarei a minha igreja.” Jesus diz em Mateus 28: “Ide e fazei discípulos.” Ambas são verdadeiras.

Quando Jesus edifica a Sua Igreja, Ele faz as construções através de discípulos assim como você. Ele tem a autoridade para lhe enviar, e ele vai com você. Através de pessoas muito imperfeitas Deus trabalha para criar sua noiva perfeita e bela, a Igreja. Ore para que a vontade de Deus seja feita, e que Ele construa a Sua igreja. Então fique de pé, arregace as mangas e pelo poder do Espírito Santo, ide e faça discípulos.

* Artigo concedido pelo autor. Fonte: www.churchleaders.com

Ed Stetzer
Presidente da LifeWay Research e da LifeWay’s Missiologist in Residence. Ele tem treinado pastores e plantadores de igrejas em cinco continentes, possui dois mestrados e dois doutorados, e tem dezenas de artigos e livros escritos. Ed é um editor contribuindo para Christianity Today, um colunista do Outreach Magazine e Catalyst Montly, faz parte do conselho consultivo do Sermão Central e Líderes do Christianity Today’s Building Church, e é freqüentemente citado ou entrevistado em canais de notícias, como USA Today e CNN.

Plantar Igrejas: A Estratégia das Parcerias

Quando fazemos parcerias com outras igrejas a possibilidade de sucesso no projeto é elevada à uma potência muito superior ao que tradicionalmente se consegue.


Este artigo parte do pressuposto que plantar igrejas é parte integrante e importante do projeto de Deus para Sua igreja. A Missio Dei só é possível quando existe uma relação clara entre a ação sobrenatural de Deus, através do Espírito Santo no coração dos homens, e a ação natural do homem cristão em buscar caminhos para seu serviço na obra de Deus. Plantar igrejas é dar sentido à vida e obra de uma igreja, que vale lembrar sempre, é o organismo vivo de Cristo. Na linguagem do apóstolo Pedro “pedras que vivem” (1 Pe 2.5). Esta igreja vive para glorificar o nome de Deus e deve fazê-lo através de atitudes concretas em seu dia-a-dia.

Quando uma igreja local reconhece o mover do Espírito Santo para a grande missão de espalhar a Palavra de Deus entre os povos, ela automaticamente inicia um projeto de plantação de igrejas, mesmo que a princípio não perceba isso. Alguns membros de uma igreja local podem até pensar que o missionário na longínqua África está “apenas” pregando o evangelho em uma aldeia “qualquer”. Na verdade, aquele missionário está plantando uma igreja em uma nova comunidade. Afinal, o resultado da conversão é o batismo, a profissão de fé e a vida repleta da comunhão na Ceia do Senhor. Onde esta realidade será vivida se não na realidade visível da igreja local?

Pensando na realidade brasileira e urbana, encontramos muitas dificuldades para plantar uma igreja. Sem dúvida a maior dificuldade é o plantador.

A solução está nas parcerias de igrejas para plantação de novas igrejas. Quando fazemos parcerias com outras igrejas a possibilidade de sucesso no projeto é elevado a uma potencia muito superior ao que tradicionalmente se consegue. Uma parceria pode contar com duas, três ou até cinco igrejas, este é o número ideal máximo.

Seis fatores devem ser levados em consideração para fazermos parcerias.

1) Ampliamos a visão.

O livro de Provérbios afirma que “na multidão dos conselheiros há segurança” (Pv. 11.14).

Quando fazemos parcerias com outras igrejas nossa visão recebe como benefício desta comunhão uma ampliação da ação na missão urbana. Deus trabalha na multiforme capacitação de seus servos. Em um conselho podemos encontrar pessoas com formas diferentes e percepções individuais muito bem detalhadas que somadas compõe o grande mosaico da visão de Deus. Em resumo, a parceria promove uma maior interação entre os líderes conduzindo assim o projeto de plantação em uma ascendente de sucesso.

2) Ampliamos o campo de atuação.

Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo certa vez se dirigiu aos seus discípulos e disse: “A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos” (Mt 9.37). O diagnóstico de Jesus não ficou restrito aquele momento histórico, ele é atual. Hoje se você perguntar para os líderes de projetos de plantação de igrejas: qual é a maior carência? A resposta será unânime: “nossa maior carência é de plantador”.

Quando estabelecemos parcerias, ampliamos o campo de atuação tanto geograficamente, porque as igrejas conhecem campos diferentes, quanto ministerialmente, já que haverá uma troca maior de informações e um número maior de líderes que buscarão plantadores capacitados.

3) Ampliamos o impacto.

O evangelho de Mateus termina com um imperativo de Cristo: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28.19). Quando fazemos parcerias ampliamos o impacto da presença de Cristo no mundo. A sociedade percebe o testemunho da unidade de propósitos através de igrejas que se unem em torno de um projeto comum. A igreja que nasce aprende com sua própria história e contexto que a cooperação entre irmãos é possível e produtiva.


4) Aumentamos nossa motivação.

Quando Jesus Cristo enviou os discípulos para pregar o evangelho, em Marcos 6.7, ele os enviou “de dois em dois”. Jesus sabia da realidade da “solidão” na vida daqueles que se envolvem integralmente na obra. Nas palavras do poema de Ted Loder: “Senhor, existe algo que eu quero falar com o Senhor, mas tenho tantas coisas para fazer, contas para pagar, reuniões para dirigir… acabei me esquecendo o que eu queria falar, quem eu sou e porque. Ó Deus não se esqueça de mim por favor, em nome de Jesus amém.”1 Plantadores sofrem assim, totalmente envolvidos na busca por vidas, nas histórias de vidas e ao mesmo tempo completamente sós. A motivação de muitos plantadores fica restrita muitas vezes à sua família. Mas esta motivação pode ser ampliada através de parceiros que realmente caminham lado a lado com o plantador. A possibilidade de um plantador ser bem acompanhado e motivado é maior quando se vive em parceria com outras igrejas.

5) Aumentamos os recursos.

Para plantar uma igreja é preciso investimento na oração, na vida devocional, meditação na Palavra de Deus e muita piedade. No entanto, isso tudo deve vir acompanhado de um bom planejamento financeiro. Jesus Cristo disse: “Pois qual dentre vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para concluir?” (Lucas 14.28).

Um grupo de igrejas em parceria consegue investir mais recursos financeiros em um campo específico. Para conseguir bons resultados na plantação de uma igreja é preciso investir na qualidade de vida do plantador e de sua família. Um bom local para reuniões e elementos que dinamizem a vida da igreja nascente são imprescindíveis para o bom desenvolvimento da evangelização.

 


6) Aprimoramos a avaliação.

Tudo o que fazemos deve ser sempre para a glória de Deus. Ele é o Deus que chama e capacita. Deus merece nosso melhor. Aprimorar para servir ao nosso Senhor com o que há de melhor para que todos percebam que para Ele e por Ele são todas as coisas.

Uma avaliação com isenção e excelência deve ser parte integrante do projeto de plantação de igrejas. O exemplo de Neemias (Ne 2-12) que avaliou antes de começar e depois ao fim da obra de reconstrução dos muros de Jerusalém dedicou a obra ao Senhor.

Quando as igrejas parceiras se reúnem para avaliar um trabalho, a percepção de muitos convergindo para um só alvo, faz desta avaliação algo abrangente e consistente. Toda avaliação deve conduzir a correção dos erros cometidos e ao incentivo dos princípios que foram comprovados na dinâmica da plantação de uma ou mais igrejas.

Que Deus nos conduza, em sua imensa graça, a uma maior contribuição e parcerias entre igrejas locais para a plantação de mais igrejas no Brasil e fora dele, para glória do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Leonardo Sahium
Bacharel em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mestre pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper e Doutor pelo Reformed Theological Seminary. Pastor da Igreja Presbiteriana da Gávea no Rio de Janeiro. Participa de vários projetos de plantação de igrejas em parceria. Casado com Cristiane com quem tem dois filhos: Nathan (13 anos) e Amanda (8 anos).

1 Ted Loder, citado por Ruth Haley Barton em Strengthening the Soul of Your Leadership. P.22

Plantação de Igrejas Excelentes

A plantação de uma igreja requer muita habilidade por parte de quem irá fazê-lo. Além disso, a nova comunidade deverá receber bastante suporte emocional, espiritual e logístico de sua mantenedora. Segundo pesquisas americanas para cada dez igrejas plantadas, apenas cinco conseguem ter êxito. Trata-se de um percentual bastante desafiador. É importante observar que está se falando de uma estatística levantada num país de primeiro mundo. Ou seja, sabe-se que por lá, na grande maioria dos casos, os plantadores recebem uma sólida educação primária e secundária; podem se formar em conceituados seminários teológicos; recebem um excelente suporte financeiro que lhes possibilita dedicação integral ao novo trabalho; contam com grande oferta de tecnologia e equipamentos; seguem excelentes planejamentos, etc. Ao dizer essas coisas tento chamar sua atenção para a seguinte pergunta: se com todas essas coisas a favor os americanos falham numa medida tão grande, o que pensar de nossos esforços no Brasil, onde nossos bravos plantadores têm, em grande parte dos casos, dificuldade para redigir uma redação de vinte linhas; estudam em seminários que cambaleiam de janeiro a dezembro para se manterem; precisam trabalhar duro em alguma empresa para se manterem, destinando à nova igreja apenas o tempo e o vigor que lhes sobram e, ainda, começam um novo trabalho sem nenhum tipo de planejamento?

Será que não temos nenhuma maneira de melhorarmos esse quadro? Estamos fadados à resignação? Só nos resta cruzar os braços e lamentar por termos nascido no Brasil? De jeito algum! Existem ferramentas simples e idéias acessíveis que podem elevar, em muito, a eficácia de nossas diligências. Foi pensando nisso que surgiu o Centro de Treinamento para Plantadores de Igreja, o CTPI. O desejo de todos nós do Centro é o de partilhar com nossos preciosos colegas brasileiros, experiências, estatísticas, estudos e sabedoria. Cada um dos diretores e colaboradores têm suas áreas de excelência, além de suas próprias laborações. E é, precisamente, na soma dessas peculiaridades de cada um que se encontra a riqueza e a singularidade do CTPI.

Portanto irmão querido, convidamos você a andar conosco. O desejo do CTPI é servir ao Reino do Senhor de maneira excelente. Os diretores do Centro, assim como seus colaboradores, estão sempre à busca de pesquisas, especializações, traduções de obras literárias aplicáveis ao contexto brasileiro, à procura de palestrantes nacionais e internacionais excelentes, entre outras coisas.

Após seus primeiros três anos de existência o CTPI contabilizou números bastante positivos que nos deixam com mais vontade ainda de sonhar e trabalhar para servir à igreja do Senhor Jesus em nosso querido Brasil.

Com amor e esperança,

Fabrini Viguier
Pastor da Igreja Plena de Icaraí e um dos diretores do CTPI

Mantenha o controle na plantação de uma igreja

Não é mais fácil apontar os erros dos outros e dizer às pessoas o que fazer, ao invés de ser uma parte da solução?

Minha esposa e eu temos notado isso em nossos filhos, eles adoram se fazerem de vítimas. Sempre que há conflito, em vez de descobrir isso em si mesmos, eles vêm até nós chorando “injustiça”!

Gostaria de saber onde eles aprenderam isso? Eu sabia que nunca deveria tê-los deixado assistir a Vila Sésamo…

A fim de corrigir esta atitude, há poucos dias, minha esposa começou a ensiná-los a diferença entre ser autoritário e ser líder. Aqui está a diferença:

  • Pessoas autoritárias apontam os erros dos outros, esperam que os outros corrijam os problemas delas e elas nunca estão erradas.
  • Líderes assumem a responsabilidade pelas situações, não se debruçam sobre os problemas, focam em soluções e fazem as mudanças acontecerem.

Eu estava refletindo sobre esse novo paradigma da paternidade (a propósito, minha esposa é incrível), e não pude deixar de notar a semelhança que isso tem com termômetros e termostatos. Deixe-me explicar:

  • Termômetros apontam para o que é no momento, esperam que os outros façam algo com essa informação, e nos fornecem o padrão – eles nunca estão errados. Termômetros são indicadores.
  • Termostato, por outro lado, tiram a informação a partir do termômetro e fazem algo com isso. Termostatos assumem a responsabilidade pelo meio ambiente e se concentram em soluções. Termostatos são agentes de mudança.

Você pode ver as semelhanças que as pessoas autoritárias têm com termômetros e os líderes têm com termostatos?

Então, o que você é? Você está mais para um termômetro ou para um termostato? Esta é uma questão importante porque afeta a postura que você irá inconscientemente tomar ao plantar e liderar uma igreja.

Nós vemos essa diferença o tempo todo. Existem igrejas em nossas vizinhanças que têm a abordagem do termômetro, eles se esforçam para tornarem-se o direito moral e padrão para a comunidade. Eles esperam que todos passem a aderir a suas crenças e práticas, independentemente do local onde as pessoas em sua comunidade estão com relação à Jesus. Ao mesmo tempo, também há igrejas que tomam a abordagem do termostato. Em vez de condenar a sua comunidade, eles são ativos em ajudar as pessoas a saborearem e conhecerem o Evangelho. Eles vivem como uma comunidade alternativa do Reino e ajudam as pessoas a experimentarem a presença e o reinado de Deus apontando-lhes Jesus.

Então que tipo de igreja você quer liderar? Que tipo de igreja seria mais eficaz em alcançar aqueles que estão longe de Deus?

Eu espero que você tenha dito igreja “termostato”, mas para ser sincero, aqui estão alguns pensamentos de como plantar e liderar ambos tipos de igrejas:

Se você quer plantar e liderar uma igreja termômetro:

Concentre-se ao máximo em conhecimento.

As Escrituras falam sobre a importância de estarmos sempre “preparados para respondermos a qualquer que nos peçam a razão da esperança que há em nós” (1 Pedro 3:15). É fácil cair na armadilha de se concentrar tanto na parte do “estejam preparados” que você nunca tem uma oportunidade de realmente compartilhar o conhecimento com qualquer outra pessoa. No entanto, se você quer plantar e liderar uma igreja termômetro, então concentre-se ao máximo em conhecimento.

Tenha oportunidades de serviços únicos.

A beleza de distribuir garrafas de água e cozinhar em um abrigo para os sem teto é que faz a sua igreja se sentir bem. Oportunidades únicas de serviço são uma ótima maneira de “introduzir” a sua igreja para o serviço, a menos que essas oportunidades se transformem em parcerias em andamento, então não haverá muito potencial para uma transformação duradoura do Reino em sua comunidade.

Questões de piquete.

Protestar é a atividade máxima do “sentir-se bem” para que haja uma mudança social. Se é você quem protesta, isso é bom desde que você se levante por um assunto fazendo com que a sua voz se torne conhecida e faça isso com os outros na comunidade. No entanto, a menos que você esteja protestando sobre uma questão de vida e morte, como genocídio, a um estranho, vai parecer que você está apenas reclamando.

Se você quer plantar e liderar uma igreja termostato:

Ouça a sua comunidade.

Deus já está trabalhando em sua comunidade, então se aprimore fazendo perguntas. Mesmo que você tenha vivido em sua comunidade por um longo tempo, tome a postura de um missionário e peça a Deus para lhe mostrar quem são as pessoas da paz, os guardiães-influentes em sua comunidade. Ao ouvir primeiro, Deus lhe mostrará o impacto único no Reino que ele está querendo que a sua igreja faça.

Viva na sua comunidade.

Se Deus está lhe chamando para plantar e liderar uma igreja em uma comunidade particular, então Deus irá cuidar de você. Eu entendo que se você tem uma família, você precisa levar em consideração os custos de moradia, os índices de criminalidade e escolas, mas por favor não vá morar a apenas 30 minutos da igreja que você está plantando e liderando. Isso simplesmente não funciona.

Atenda às necessidades da sua comunidade, mas nunca deixe o Evangelho fora dela.

Ao plantar e liderar uma igreja, é importante que você esteja cumprindo ativamente as necessidades de sua comunidade de uma forma contínua. No entanto, certifique-se de que em tudo o que você faça tenha o Evangelho no centro dela. Isso não significa que você precisa compartilhar o Evangelho cada vez que você ajudar alguém que esteja longe de Deus, mas significa que você esteja sempre orando por uma oportunidade de compartilhar o evangelho com aqueles que estão longe de Deus. Você entendeu a diferença? Não faça o bem apenas para um aperto de mão. Faça o bem para que os outros vejam as vossas boas obras, experimentem o amor de Deus e glorifiquem a Deus (1 Pe 2:12, Matt 5:16).

Aqui estão os pensamentos de Martin Luther King Jr. sobre esta questão:

Houve um tempo em que a igreja era muito poderosa. Foi durante o período em que os primeiros cristãos se alegravam quando eram considerados dignos de sofrer pelo que acreditavam. Naqueles dias, a igreja não era meramente um termômetro que registrava as idéias e os princípios da opinião popular; era um termostato que transformava os costumes da sociedade.

Se você ainda não entendeu, eu estou obviamente inclinado a ser uma igreja termostato. Dito isto, você consegue pensar nas igrejas da sua comunidade que optariam por qualquer abordagem? Quão eficaz que você diria que elas são para alcançar aqueles que estão longe de Deus?

Ah, e os meus filhos? Bem, eles estão começando a pegar a diferença … na maioria das vezes.

* Artigo concedido pelo autor. Fonte: www.churchleaders.com

Ed Stetzer
Presidente da LifeWay Research e da LifeWay’s Missiologist in Residence. Ele tem treinado pastores e plantadores de igrejas em cinco continentes, possui dois mestrados e dois doutorados, e tem dezenas de artigos e livros escritos. Ed é um editor contribuindo para Christianity Today, um colunista do Outreach Magazine e Catalyst Montly, faz parte do conselho consultivo do Sermão Central e Líderes do Christianity Today’s Building Church, e é freqüentemente citado ou entrevistado em canais de notícias, como USA Today e CNN.

Descubra como adaptar a mensagem cristã à cultura local pode ser um desafio, porém é essencial na plantação de igrejas

Clinton Sathler Lenz César

“Ajudai-me a jamais julgar outro homem até que eu tenha caminhado sete dias com as suas sandálias” (prece dos índios Sioux)

Em Filipenses 2.5-8, lemos que Jesus, “embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.” Temos aqui uma das mais importantes declarações sobre a pessoa e o ministério de Cristo. Entre os estudiosos do Novo Testamento, existe uma grande variedade de interpretações sobre em que nível Cristo se “esvaziou”. Fato é que, independente da maneira como lemos esta passagem, podemos concordar que, de alguma maneira, Cristo deixou uma condição superior e espontaneamente assumiu uma condição inferior, com limitações antes não vivenciadas. O mais importante aqui, eu creio, é entender que foi para cumprir a sua missão no mundo que Cristo precisou abrir mão de uma glória que, por natureza, lhe pertencia, e assumir uma condição de servo, “tornando-se semelhante aos homens”.

No início do texto, que muitas vezes passa despercebido, o apóstolo Paulo diz que devemos ter em nós a mesma atitude e disposição mental que levou Jesus a esvaziar-se. Temos aqui, portanto, um desafio duplo: o primeiro, de entender o que este processo significa; o segundo, de aplicá-lo à nossa própria história de vida.

Logo no início do processo de plantação da Comunidade Presbiteriana Libertas, na Zona Sul do Rio de Janeiro, tentei propor para o nosso grupo base uma discussão baseada neste texto, buscando definir qual seria a filosofia de ministério da nova igreja. O exemplo de Cristo nos desafiou com uma pergunta: do que precisamos abrir mão para plantar esta igreja e alcançar pessoas com o evangelho transformador de Cristo Jesus?

Esta pergunta ecoou fundo no nosso coração. A partir de uma profunda reflexão, começamos a identificar o que, em nós, poderia representar uma barreira à comunicação do evangelho para um público alvo como o nosso, bastante crítico, intelectualizado e, aparentemente, com suas necessidades materiais completamente satisfeitas. Começamos então a refletir sobre o que é essencial e o que é negociável, e percebemos que muitas de nossas crenças, tradições, linguagem e costumes precisavam ser reavaliados. Precisávamos, definitivamente, de uma releitura de nós mesmos e da cultura ao nosso redor, ou seja, saber quem somos e quem eram as pessoas que buscávamos alcançar.

Assim como Cristo se esvaziou para cumprir a sua missão, descobrimos que, para plantar uma igreja bíblica, criativa e relevante, também precisaríamos nos esvaziar. Sem deixar de lado os princípios básicos e inegociáveis da fé cristã (o que somos), precisaríamos contextualizar o evangelho no mundo (como somos). Este processo deve se dar basicamente em dois movimentos:

  1. Ir ao mundopara conhecer as pessoas, o que fazem, como pensam, como vivem, ou seja, caminhar com suas sandálias, tentar enxergar o mundo com seus olhos, entender os fatos como elas entendem. Em outras palavras, devemos “vestir” suas vestes, buscando pontos de contato e fatores de identificação com elas. A Bíblia nos mostra que a grande maioria dos encontros de Jesus não se deu num ambiente religioso, como o templo ou a sinagoga, mas ocorreu no “lugar comum”, onde as pessoas transitavam no dia-a-dia, trabalhando, estudando, viajando, descansando, etc. Foi assim com Zaqueu (no meio do caminho), com os discípulos pescadores (na praia, seu ambiente de trabalho), com Nicodemos (em casa), com a mulher samaritana (num poço à beira do caminho) e tantos outros. Jesus não esperou que as pessoas saíssem do seu mundo para virem ao dele, mas foi ao encontro das pessoas no seu próprio mundo. Temos aqui um grande exemplo para plantadores de igreja sobre o significado e a necessidade de se “esvaziar”. Geralmente, trabalhamos para trazer as pessoas ao nosso mundo religioso, mas dificilmente estamos dispostos a transitar e buscar encontros no mundo onde as pessoas vivem. Muitas vezes, a igreja tem sido vista como um elemento alienador porque, ao invés de dar um novo sentido ao cotidiano, tem buscado fugir dele, criando seu próprio mundo, muitas vezes “virtual”. Esvaziar-se para plantar uma igreja é, neste sentido, ter a coragem, a tranqüilidade e a intencionalidade de transitar no mundo onde as pessoas vivem, trabalham, descansam e se divertem. Além disso, também precisamos refletir se, quando nos reunimos, também buscamos de alguma forma criar pontos de contato com o mundo onde as pessoas vivem. Há poucos meses atrás, dando um curso sobre evangelismo, ouvi de uma jovem que a coisa com a qual ela mais ficara impressionada na primeira vez que foi a uma igreja evangélica foi o fato do pastor ter citado o Renato Russo durante a mensagem. Ela disse: “ei, esse eu conheço, tá falando a minha língua!”
  2. Revisitar nosso contexto eclesiástico, reavaliando tudo o que fazemos, dizemos e transmitimos em nossos encontros comunitários. Em outras palavras, devemos nos “despir” de nossas próprias vestes, ou seja, daquilo que representa simplesmente um peso, ou barreira para a comunicação clara do Evangelho. Para podermos “vestir” as vestes das pessoas que não conhecem a Cristo, devemos antes nos “despir” das nossas próprias vestes. Precisamos fazer uma reflexão sobre tudo aquilo que, na dinâmica da vida comunitária, faz total sentido para nós, mas que, para os não-frequentadores de igreja, sem nenhuma cultura eclesiástica, não faria qualquer sentido. Ficamos surpresos com a constatação de que quase tudo em nossas tradições, costumes e linguagem fala apenas aos de “dentro”. Torna-se essencial realizarmos um exercício para contextualizar cada gesto, cada palavra, cada rito, cada prática. Devemos repensar nossa forma de pregar, que parte da realidade bíblica e busca uma aplicação na vida atual (o velho estilo ler o texto, explicar o texto, ilustrar o texto e aplicar o texto). Talvez seja a hora de partirmos da realidade à nossa volta, os últimos acontecimentos, os fatos mais marcantes, as músicas e filmes que mais bem expressam o que o mundo pensa, para então apresentar a resposta bíblica para tudo isso. É preciso reler o que o mundo lê, rever o que o mundo vê, “reouvir” o que o mundo ouve, não apenas como forma de entender o que pensa, mas também usando tudo isso como ponto de contato e como forma de alcançar as pessoas carentes de Cristo. Foi neste sentido que John Stott disse: “Nós ouvimos o mundo com atenção crítica, igualmente ansiosos por compreendê-lo, e decididos, não necessariamente a crer nele e a obedecer-lhe, mas a simpatizar com ele e a buscar graça para descobrir que relação existe entre ele e o evangelho.” (Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, p.30)

A encarnação de Cristo é um exemplo para todo plantador de igreja. Se ele, sendo filho de Deus, abriu mão da sua glória e vivenciou de maneira plena e integral a experiência humana, nós, como plantadores de igreja, também devemos descer do confortável pedestal eclesiástico que geralmente nos abriga e protege e, corajosamente, esvaziar-nos a nós mesmos, tornando-nos mais servos e mais “semelhantes aos homens”. As igrejas que fazem diferença no mundo são aqueles que vivem para servir e a encarnação é condição essencial para o serviço. Que Deus nos ajude a plantar igrejas mais interessadas na glória do Pai, seguindo o exemplo do Filho, no poder do Espírito.

Como os desafios culturais são positivos para a plantação: entrevista com Andres Garza

Quais foram os maiores desafios em seu ministério? Você consegue descrevê-los?

Andres Garza Sim, meu ministério é de plantação de igrejas em cidades. E um dos grandes desafios é explorar e identificar o caráter da cidade e realmente entender como o evangelho pode ser aplicado. E como a implicação do evangelho pode ser aplicado ao específico formato da cidade. Por que a contextualização é algo central na plantação de igreja. Isso é um dos grandes desafios. Realmente entender ‘quem é’ e ‘o que é’ a cidade que estamos trabalhando.


Porque nós podemos pensar em grandes diferenças quando falamos de países diferentes, mesmo assim há tantas diferenças: cidades diferentes, bairros diferentes.

Andres Garza Identificar o que chamamos de ‘ídolos da cidade’. Quais são os grandes ancestrais da sociedade, da cultura, que sem estes, a cidade perde o significado. Identificá-los não é exatamente difícil, entretanto é fundamental para fazer um ministério efetivo ao coração do povo.

Próximo ano nosso tema será “Revitalização”. Por que você acha que esse tema é tão importante para jovens pastores e plantadores de igreja?

Andres Garza Bem, em nossa experiência, revitalizar a igreja é algo muito necessário, porque nós realmente precisamos entender a sociedade que estamos enfrentando o que estamos fazendo é continuar fazendo a mesma coisa o tempo todo. A sociedade está mudando, está se transformando, mas a igreja continua a mesma fazendo a mesma coisa, continua sendo o mesmo tipo de igreja sem contextualização. Esse é o ponto da revitalização da igreja porque nós precisamos voltar e começar a renovar nossa paixão e amor por esse tipo de pessoas conhecer esse tipo de pessoas.

É um tema importante.

Andres Garza É um tema importante na América Latina, no Brasil, no México, em qualquer lugar. Eu me alegro em saber que o CTPI irá tratar desse assunto.
 

O que você acha que seria o maior conselho que você daria para jovens pastores ou plantadores de igrejas?

Andres Garza Um dos maiores conselhos é parar de pensar que nós sabemos tudo, que precisamos saber de tudo. Às vezes vamos para o seminário, vamos para o treinamento do CTPI, vamos para o treinamento do City-to-City, e dizemos: “sabemos de tudo agora”. Agora deixe os outros fazer.
Bem, quando nós começamos a pensar dessa forma, nós estamos perdidos. Então, o maior conselho é continuar aprendendo sobre a cultura, aprendendo sobre como a igreja está mudando, e como a igreja precisa continuar mudando. E, da mesma maneira, como eu preciso mudar, eu preciso crescer, eu preciso continuar aprendendo sobre o Evangelho na minha vida, no meu ministério, e na minha cidade.

Revitalização, renovação, ressurreição.

Andres Garza Exatamente.

Qual a importância da família e do casamento na vida de um pastor?

Andres Garza Bem, de fato, em meu ministério nós temos uma estratégia chamada Esposas de Plantadores de Igrejas. Porque nós realmente cremos que plantadores de igrejas é sobre casal, não somente sobre o plantador de igreja, mas também sobre a esposa. Algumas vezes, um dos maiores erros é esquecer as esposas, e como elas se sentem, como elas estão, como elas recebem o ministério que estamos realizando, pois não andamos no mesmo caminho.
Meu ministério é minha família, é nossa família. Nossa principal estratégia de discipulado é primeiramente minha família, meus filhos, minha esposa e eu mesmo. Minha família desempenha um grande papel naquilo que estamos fazendo especialmente em plantação de igreja porque é o ministério mais solitário na igreja. Plantar uma igreja é muito solitário.
 

Trabalho em equipe?

Andres Garza É um trabalho muito solitário, então precisamos de uma equipe e a equipe principal é sua esposa, sua família. Por isso, no meu ministério, especialmente City-to-City, no trabalho com plantadores de igrejas, treinando plantadores de igrejas nós trabalhamos junto com um ministério chamado Paracaleo.
Paracaleo é o ministério para esposa de plantadores de igreja. Nós trabalhamos juntos, mentoreando: assessoria e cuidado pelas esposas de cada plantador de igreja.

Eu não sei sobre o México, mas aqui no Brasil há um grande número de pastores cometendo suicídio. Tem alguma coisa relacionado com isso que venha a sua mente? Por que você acha que isso está acontecendo?

Andres Garza Isso é algo com que estamos preocupados. Não estava ocorrendo muito na América Latina, mas começou. É porque o ministério pastoral, o ministério de plantador de igreja é muito solitário. Nós achamos, todo mundo acha que os pastores são pessoas especiais e que eles tem um relacionamento especial com Deus, que eles não precisam de companhia.
Então, o que temos tentado fazer não é somente treinar plantadores de igrejas, mas também assessorá-los, mentoreá-los em outras palavras, nós caminharemos juntos em City-to-City. Por isso trabalhamos com pequenos grupos de pastores, 12 a 18, porque queremos caminhar com eles, realmente ter um diálogo real com eles, uma relação de confiança com eles, de um modo que eles podem se abrir, falar sobre sucesso, sobre lutas e não somente sobre eventos de sucesso, mas também como eles estão falhando.
Nós, City-to-City, entendemos que eles reclamam porque nós somos humanos, somos pecadores e precisamos trabalhar juntos nessas falhas. E podemos trabalhar juntos nas falhas. Essa é uma parte central: assessoria e mentoreamento de plantadores de igrejas, para que os ajudemos a viver em uma comunidade evangélica, abraçá-los de modo a evitar esse tipo de pensamento suicida.
 

Nós frequentemente ouvimos que as Igrejas Presbiterianas no México são muito diferentes, principalmente as do norte e as do sul, certo?

Andres Garza Eu não sei como você soube disso, mas é completamente verdade.
De fato, 97% das igrejas presbiterianas estão no Sul, 3% estão no Norte.
As do Norte tem um pensamento mais materialista, mais secularista.
As do Sul são tem um pensamento mais espiritual, mais moralista, a religiosidade é muito maior.
Contrastando com as do Norte não tão religiosas. Mais materialista que o modo normal de entender a vida. Desse modo as igrejas são muito diferentes.
É por isso que o contexto implica na maneira que nós realizamos as coisas em cada diferente igreja.

Você vê alguma similaridade entre o México e aqui?

Andres Garza Eu acho que é a mesma coisa no Brasil. A parte norte, São Paulo, Rio… São Paulo e Rio são completamente diferentes. Os EUA por exemplo, entre o norte e o sul há uma enorme diferença no entendimento da religião, de relacionamento com Deus. Há uma diversidade, e a diversidade é enorme em cada país. Nós estamos tentando entender o porquê, a razão, por que lidar com isso.

Você tem uma resposta para isso?

Andres Garza Geralmente é algo cultural.
 

Talvez pela maneira que foi colonizado?

Andres Garza Sim. Países diferentes colonizadores, diferente partes do país. Também tem a influência do resto do mundo ao redor. A influência que cada país tem é diferente. Rio, a costa, as favelas. São Paulo, uma mentalidade mais empreendedora. Esse tipo de contexto.. geralmente é cultural. Fé e trabalho.

E essas diferenças fazem pessoas diferentes.

Andres Garza Exatamente.
 

Mentes diferentes.

Andres Garza Diferentes abordagens de Deus.

E isso é bom! Temos muitos amigos falando sobre isso.

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